"Eu creio que Frigg conhece todos os örlög, embora ela não diga nada." Völuspá, 29

Altar: Portais para o reino dos Deuses.


  Quando se começa a estudar a Tradição Antiga da Feitiçaria, é comum termos uma vontade enorme de montarmos nossos altares. Afinal, com um altar, nos tornamos mais próximos Deles e honramos Sua existência.


  Mas infelizmente nem todos nós podemos o ter. Alguns moram com pais ou outras pessoas que alimentam verdadeiro preconceito contra nossas filosofias e estudos, dificultando ou até mesmo impedindo de montarmos nosso altar. Isso me faz lembrar quando nossas irmãs eram caçadas, torturadas e queimadas como se forem animais. Claro que nós sabemos da verdade e sabemos que a grande maioria morreu inocente, carregando um título que não eram necessariamente delas, mas, ainda assim, muitas de nossas irmãs foram pegas e mortas. E que tipo de feiticeiro(a)s seriamos nós se não honrassemos a memória dessas inocentes que morreram sob a nossa Tradição!


  Quando passamos por essa era de trevas e sofrimento, muitas de nossas irmãs tiveram que esconder seus utensílios mágicos para que não fossem mortas por suas praticas. O que aconteceu foi que a varinha, o caldeirão, o livro das sombras, o atame, o cálice, entre muitos outros foram "camuflados" de uma maneira magistral. O caldeirão se tornou uma panela comum, a varinha se tornou uma colher de pau, o livro das sombras se tornou um livro de receitas comum, o atame se tornou uma faca de cozinha, o cálice uma simples taça ou copo de madeira ou pedra. Ou seja, o que era antes um comodo para se preparar poções, estudar e ensinar as crianças a respeito dos Deuses, se tornou uma simples cozinha. Mas aí é que ficaram mais fortes! Aí é que começaram a ensinar mais pessoas sobre a Tradição. Tudo o que precisavam fazer era um refeição simples para explicar sobre várias coisas místicas. 

  Claro que nem tudo pode ser camuflado. Nós, até hoje, usamos utensílios que não devem ser usados no dia-a-dia porque trazem uma carga energetica muito intensa ou simplesmente porque não deve ter contato com outra energia senão a nossa. Na época nossas irmãs também tinham esses utensílio que precisavam ser protegidos. Podendo ser de um simples vidro com alguma poção de proteção, até jogos de runas, cartas de tarô, etc. O que ela faziam nesses casos? Guardavam tudo um um baú específico (baús eram comuns na época, lembram?) e em cima desse baú específico elas colocavam uma vela acesa (velas também eram bem comum). Dessa forma elas tiravam a atenção de qualquer pessoa dos seus delicados trabalhos. Claro que nem todas tiveram exito nisso, mas se hoje temos a quantidade de informação que temos, é porque deu mais que certo todos esses esforços. E devemos honrar a memória dessas mulheres tão puras e dedicadas sempre que possível.

  Mas o que ter em um altar?

  Quando iniciei meus estudos na Tradição Antiga um dos meus mestres me disse que um altar só pode ser feito após a iniciação. Mas eu mesmo tenho uma aprendiz que sempre teve um altar consagrado, mesmo sem saber o que era um altar e muito menos como se consagrava um! Quer dizer, tudo é relativo dependendo da sua própria abertura para o místico. Acredito realmente que como a função de um altar é ser um portal do dono para os Deuses, que algumas pessoas já encarnam com essa ligação mais forte e intima do que a maioria, portanto, acabam montando altares inconscientes. Desse modo não duvido da força desses altares naturais (como eu os chamo) mesmo a pessoa não sendo iniciada(o).


  Um altar para servir como portal deve estar harmonizado com o planeta e com o cosmo. Para isso devemos levar em conscideração os elementos e seus pontos cardeias correspondentes. Norte para terra, sul para fogo, leste para ar e oeste para água, e o eter (a vida) do centro do altar.

  Geralmente o alta é montado virado para o norte, mas se você tem algum ponto cardeal de preferência, nada impede que você o monte virado para esse ponto, afinal, o altar é, acima de tudo, pessoal e deve ter a sua cara.

  No norte colocamos nossa representação do elemento terra. Já vi alguns altares com pedras (o meu), sal, terra, ou um pentáculo. 

  No sul colocamos nossa representação do elemento fogo. Geralmente é um castiçal com uma vela. O castiçal deve, também, ter a sua cara. O meu é um ramequin branco. 

  No leste colocamos nossa representação do elemento ar. Geralmente é um castiçal ou um turíbulo. É nele que colocamos nossos incensos para queimar.

  No oeste colocamos nossa representação do elemento água. É nele que colocamos nosso cálice, que também deve ser pessoal. O meu é um pequeno cálice de madeira. 

  E no centro colocamos nossa representação do elemento eter, ou, a vida. O caldeirão, que no meu caso é um pote de barro esmaltado. 

  Como já dito, o altar é pessoal e deve ser uma extensão do nosso corpo espiritual e físico. Eu, Tiw, sempre tive problemas em manter contato com qualquer metal. Sabe o que acontece conosco quando alguém passa as unhas num quadro negro? Então, é o que eu sinto quando toco e fico encostado a alguma coisa de metal, logo, seria muito estranho, por exemplo, se eu mantivesse o altar "classico" com objetos de metal, sendo que eu mesmo não consigo manusear normalmente algo totalmente feito de metal. 

  Além das representações elementais, podemos colocar estátuas, símbolos, objetos usados para a prática da feitiçaria, atames, pedras, cristais. Existe uma infinidade de objetos que podemos deixar sobre nosso altar. 


  Uma verdade que já pude vivenciar sobre altares: eles tem vida própria! Você começa com as representações simples dos elementos e quando se dá por sí, ele quase não cabe no espaço que você separou! :D 

  Isso também é importante: escolha um lugar para o altar onde nem todas as pessoas possam ter acesso a ele. O equilibrio energético de um altar consagrado é sensível e dependendo de quem mexer nele, pode desestabilizá-lo. 

  O uso de um baú também é importante. Aqueles objetos específicos que só nós usamos e que não é aconselhado ficar exposto, podem ser guardados nesse baú junto com nossos estoques de incenso, livros, estoques de vela, ervas ainda não usadas, etc.

  O livro das sombras deve ficar no altar, mas eu, particularmente, não aconselho a deixá-lo a mostra. Por ser nosso diário de feitiçarias, não seria aconselhado deixar ele exposto para qualquer pessoa ler. Ele é nosso!

  O sino é um objeto vital para sabbaths ou circulos em geral. É com ele que iniciamos e encerramos um ritual e é importante ele ficar sobre o altar para ser energizado.

  Eu jogo runas e mantenho sempre minhas runas no altar. Assim elas não perdem a energia nunca. Pode-se fazer o mesmo com tarô, buzios, objetos para geomancia e todas as formas de vidência.

  A vasoura. Existem linhas hoje em dia que não a utilizam mais. Eu gosto de ter uma sempre por perto, é ela que limpa o astral da casa e das pessoas que estão nela. É importante ter uma vassoura consagrada sempre por perto. 

  Túnicas. Eu tenho uma. Feita e bordada por mim. Mas só uso em ocasiões especiais. Na tradição wiccana a(o)s feiticeira(o)s se vestem de céu, que é um jeito de se purificarem de todas as influencias malignas e adentrarem os círculos mais puros. Eu, como, Druida, não me visto de céu, mas me preocupo sim com minha pureza em rituais. Tenho essa túnica que só uso quando estou completamente purificado. O importante é se preocupar com a limpeza áurea, independe se vai usar ou não uma túnica ou alguma outra peça de roupa específica.

  Espero que possamos ter nossos portais para os Deuses sempre limpos, equilibrados e ativos!

  Blessed Be!

  Namastê!

  Céad mille fáilte!